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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Quando o Corpo Fala

Nossos ciclos refletem nossa realidade, somatizam nossas experiências e trazem a tona tudo aquilo que muitas vezes tentamos omitir ou renegar, quando sangramos, entramos numa vibração energética diferenciada, como se colocassem uma lente de aumento sobre nossos sentimentos, emoções, projeções.
Nossa sensibilidade nos dias que antecedem a menstruação, muitas vezes por não ser observada, e tratada de maneira adequada se transforma em agressividade, irritação, inquietação.
E as cólicas menstruais, quando não existem complicações fisiológicas atestadas por um médico, são na maioria das vezes a somatização do estresse vivido durante o ciclo.
Digo isso pela minha própria experiência, quando tenho um mês mais tranquilo, menos estressante, o fluxo é tranquilo, sem nenhuma dor, nem mesmo a irritação ou mau humor típico da TPM me abate.
Mês passado foi um exemplo disso, conduzi um grupo de mulheres na "Bênção do Útero" promovida em sintonia com Miranda, pelo mundo inteiro, a sintonia foi tão maravilhosa que revigorou minhas energias, antecipou em 2 dias meu ciclo, sem dor, sem irritação, só o fluir.
Dediquei todo o sangue desse ciclo pra salvar meu pé de Guaco que pela falta de umidade do ar, estava muito maltratado (15 dias depois, tive uma gripe forte, e ele me cedeu folhas para um chá, que ajudaram no meu restabelecimento). Além dessa gripe, muito estresse, muita chateação, decepção, nervosismo por conta de muitos compromissos assumidos e problemas pessoais de difícil dissolução, somados a ansiedade do aniversário cada vez mais próximo, me transformaram numa bomba de nitroglicerina.
Meu ciclo atrasou 2 dias, foram 2 dias de mau estar, irritação, insônia, perda de apetite, enxaquecas, cólicas, que foram amenizados cada hora de um jeito, através de Aromaterapia (Lavanda e Erva Doce), Chá de Orégano, Funcho e Camomila, Cristaloterapia com Pedra da Lua, Azeviche e Coral - muita paciência? 
Algumas mulheres certamente iriam preferir tomar um BuscoFem, um Atroveran, ou algum outro remédio contra os sintomas, ao invés de parar, meditar e refletir nas causas que levaram o seu corpo a se comportar dessa forma, lhe fazendo sofrer dores e incômodos.
Hoje acordei as 6h da manhã como de costume, pra ajudar a Isa (minha filha de 10 anos) à se preparar pra ir à escola, depois de 3h mal dormidas por conta da agitação e irritação, me sentia um caco, e já exausta, quase apelando á uma tintura de ervas pra que o fluxo enfim descesse e acabasse esse mau estar.
Depois que minha filha saiu pra escola, me sentei confortavelmente, respirei fundo algumas vezes e conversei com meu útero, e com meu corpo, pedi perdão por todo estresse, falta de paciência, agressão que impus durante esse mês, os excessos cometidos de maneira completamente desnecessária, coloquei uma música gostosa e deitei, fiquei quietinha comigo mesma por umas 2h. 
E então o fluxo veio, sem que eu precisasse recorrer a tintura, fazendo com que a enxaqueca sumisse, o humor melhorasse, e as cólicas gradativamente também diminuíssem. Tenho certeza, que se não fosse essa "conversa" que tive comigo mesma, essa consciência plena do que estava errado, eu teria sofrido quantos dias mais fossem necessários.
"Todo poder, requer grandes responsabilidades." - "Conhecimento é poder." - Quanto mais você estuda, mais acumula "sabedoria", se você não à coloca em prática, o Universo criará oportunidades para você exercer seus Dons e seu Conhecimento, e isso se aplica em tudo.
Meu corpo é meu templo. Abriga meu espírito em evolução nessa Jornada hoje. Me foi concedido e confiado, assim como a Terra que habito e que merece todo o meu cuidado e amor, ambos (eu e a Terra) devemos coexistir em harmonia, respeito mútuo - exemplo disso; eu cuidei do Guaco, e ele cuidou de mim. 
Esse ciclo, esses 2 dias de angustia no fim serviram como inspiração pra esse post, me ajudaram à repensar posturas emocionais e práticas que devem ser reorganizadas com urgência, para que eu tenha um próximo ciclo mais tranquilo. E por fim, não acredito em coincidências. Meu aniversário será na madrugada de sábado pra domingo, o atraso do fluxo, o estenderá até domingo. Aniversariar é morrer e renascer. Menstruar é morrer e renascer. Não lembro a última vez que menstruei em um aniversário meu, ou seja, tava na hora de adquirir mais uma experiência pra essa caminhada..
Isso me forçará a comemorar o aniversário de maneira menos exposta, mais tranquila, dentro da vibração que meu coração sentiu necessidade na madrugada do dia 07 para o dia 08. Nosso corpo ouve nossos segredos mais íntimos e indizíveis, e dará exatamente aquilo que desejamos de acordo com a nossa vontade, então, cuidado com o que deseja pra você mesma também.
E que venham outras Luas Vermelhas neste novo ciclo, cheios de insights e experiências abençoadas pela a Senhora de Tudo.
Com sono, cansada, mas com um desejo imenso de compartilhar tudo o que vivi;
Babi.


domingo, 17 de agosto de 2014

A Menstruação como um Sabá

A antiga palavra babilônica correspondente a sabá, sabbatu, vem de Sabat e significa “repouso do coração”. Na Babilônia, era um dia de descanso, quando constava que a Deusa Ishtar estava menstruando. Nesse dia, todos eram proibidos de viajar, de trabalhar e de comer alimentos cozidos – do mesmo modo que, em muitas culturas, ocorria para mulheres menstruadas. As tabuas cuneiformes da quarta dinastia de Ur, datadas do terceiro milênio a.C., relatam-nos que, na Suméria, os períodos da lua nova e da lua cheia eram devotados ao cumprimento de rituais.
Do mesmo modo, o sabá dos judeus originalmente tinha lugar na lua nova e na lua cheia; foi mais tarde estendido a cada quarto da lua. Estes dias muito remotos de repouso, vinculados à lua e à menstruação, foram a origem do moderno sabá judeu e do domingo cristão.
Atualmente, poucas pessoas dedicam-se, pelo menos um dia por mês, a realmente descansar. Em geral, a cultura euro-ocidental é obcecada pelo modo de vida Ativo. Só valorizamos a nós mesmos se estivermos fazendo alguma coisa, considerando as pessoas que não fazem muita coisa membros menos validos da sociedade. Somos orientados para a produtividade e para o acumulo de riquezas e posses, e não para o acumulo de sabedoria, força espiritual e autoconhecimento.
Esse fazer contínuo não conduz à felicidade ou ao bem-estar. Todos conhecemos o alivio de estar de férias e não ter de Fazer Nada. Obviamente, se todos nós puséssemos de lado nossos instrumentos de trabalho e decidíssemos apenas Ser, isto iria desequilibrar a outra direção, mas talvez pudéssemos ter um pouco mais de tranquilidade e menos pressão em nossas vidas. Com isso, não estou pensando em nos sentarmos diante da televisão e assistirmos as pessoas matando umas às outras e enganando seus cônjuges. Estou pensando, em vez disso, em nos sentarmos diante de uma arvore ou de um lago ou do mar, e apenas Ser.
Sem duvida, era bastante valida a antiga ideia do Sabá: um período de descanso, sem trabalho, dedicado à oração e à contemplação. À medida que a Era industrial inventava o vapor, energizado pela ética do trabalho protestante, o sabá ia caindo no desagrado e os velhos tabus proibindo o trabalho em um dos dias da semana foram desaparecendo. Isso só pode significar um acréscimo ao estresse a à pressão da vida moderna. Nossos corpos e nossas mentes necessitam de relaxamento, de um período de descanso, e nossos espíritos precisam ser nutridos – têm necessidade de algum tempo dedicado somente à vida espiritual. A falta do sabá pode ser responsável por tantas pessoas ficarem resfriadas e gripadas, pois esta acaba sendo a única maneira delas poderem ter um sabá, uma pausa do Fazer contínuo.
Em muitas partes da America, a única maneira de você dizer que um dia é domingo é pelo fato das praias estarem mais cheias, o jornal de domingo estar nas bancas e haver menos trafego no centro da cidade. Fora isso, é tudo igual. Todas as lojas estão abertas e a maior parte dos serviços está disponível. Sem falar da televisão, que jamais dorme. Se você está sempre com pressa, fazendo isto ou aquilo, correndo atrás de si mesma, quando realmente tem tempo para aquilatar seus sentimentos? Quando tem tempo para refletir sobre o motivo de ter reagido tão violentamente ao comentário de um colega sobre ele detestar animais dentro de casa, sobre a razão do seu marido estar lhe incomodando tanto no momento, sobre odiar vestir vermelho, sobre o simples fato de sua mãe vir almoçar em sua casa lhe encher de pavor? Você pode ter uma ligeira ideia do que essas coisas significam, pode até pô-las de lado e continuar correndo, mas não vai compreende-las e sanar suas dificuldades que existem em sua vida, se não tiver algum tempo de sossego.
Para a mulher, o tempo da lua é a ocasião óbvia do seu ciclo para uma interrupção no Fazer e para ela apenas ficar quieta e Ser, relaxar e sangrar. É um período natural para uma abertura aos domínios espirituais e para efetuar o trabalho de conhecer e compreender o ser que só pode emergir no tempo vazio, tranquilo e sossegado.
Na tradição judaica, o primeiro dia de cada mês (que teria sido o dia da lua nova, antes de adotarmos o calendário solar, e, tradicionalmente, o período da menstruação) é um dia santo para as mulheres, chamado de Rosh Chodesh (inicio do mês). Este feriado está sendo reivindicado por algumas mulheres judaicas. Era uma aceitação ritualizada do desejo das mulheres descansarem quando estão menstruando.
Um período calmo é muito útil, para os problemas de relacionamento, e sentar-se quieta por algumas horas pode realizar maravilhas para se enxergar as coisas de um modo mais claro. Muitas disputas e brigas originam-se de uma descarga de adrenalina, pois muitas pessoas estão continuamente aflitas, lutando contra o trafego para ir ao trabalho, cuidando ao mesmo tempo da família e do emprego – e, alem disso, a televisão está a noite toda gritando na sua frente e você Não Tem Paz.
No mundo euro-ocidental, ficamos tão acostumados a levar esta existência pressionada que muitas esqueceram-se de como se descansa. Parece algo aborrecido, pois crescemos acostumados a um estimulo externo contínuo. Mas há uma vida interior e também uma vida exterior, e essa vida interior – a vida do psiquismo – é muito preciosa e é o manancial da nossa criatividade, de nossa dádiva para o mundo. Finalmente, podemos não produzir nada de grande valor se não alimentarmos essa vida interior. Ela necessita de um período de sossego para crescer e se desenvolver.
Podemos reaprender como estar novamente no ritmo da tranquilidade. Um dia já o soubemos, quando éramos bebês e crianças pequenas e passávamos de surtos de rápida atividade a momentos de tranquilidade e sono, depois retornando à atividade. Precisamos dar um tempo a nós mesmos: tempo para absorver a mudança, tempo para tomarmos conhecimento do que se passa a nossa volta – não levar a vida como uma viagem de turismo com paradas rápidas, em que temos de agarrar o máximo que pudermos antes de sermos lançados fora do trem. Temos de dar a nos mesmo tempo suficiente para estarmos novamente em contato com a tranquilidade, tentando apenas ficar sentados, sossegados. Muitas pessoas têm a experiência de sair de férias e não saber o que fazer consigo mesmas durante os primeiros dias, com todo aquele tempo disponível e não estruturado. Depois de três ou quatro dias recordam-se de como é apenas Ser, e quando estão adorando e desfrutando do seu ócio, já esta na hora de voltar para casa. Se tivéssemos mais tempo ocioso em nossa rotina regular, talvez a vida fosse menos carregada de pressão e mais plena de prazer.
Se encararmos a menstruação como a época natural para o relaxamento e o sossego na vida de uma mulher, podemos começar a reaprender o ritmo de estar em paz conosco mesmas e então começar a colher os benefícios de um relacionamento mais intimo com nossos seres internos.
A menstruação pode ser uma época de profunda sedimentação e contato consigo mesma, quando uma mulher é naturalmente colocada em relação direta com seu centro de gravidade – o seu útero. Por isso, nessa ocasião há realmente uma maior capacidade para o relaxamento – para escutar, para receber a mensagem do cosmo. O conhecimento que nos é disponível durante a menstruação não pode chegar até a nossa consciência se estivermos com pressa de cumprir as exigências de nossas vidas cotidianas.
Ficar tranquilo e voltado para si mesmo são pré requisitos em todas as tradições espirituais para o desenvolvimento da sabedoria. A menstruação é um período natural para as mulheres meditarem e estabelecerem contato interno e externo com o divino. Quando o corpo está tranquilo, a mente também fica tranquila; nesse caso, a sabedoria espiritual que existe em um nível mais profundo da consciência fica liberada para alcançar a superfície do conhecimento.
*Fonte: Seu Sangue é Ouro (pág 105 - 110), de Lara Owen.