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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Visões de Sangue

O sinal vermelho que as mulheres hindus pintam no seu terceiro olho é um símbolo do sangue menstrual. Originalmente, as mulheres pintavam o seu terceiro olho com o própria sangue menstrual e a magia do sangue abria o sexto chacra (centro energético associado a visão espiritual e psíquica).
O aspecto visionário da menstruação esta claramente invocado por esta prática. O sangue transporta-o até as células do corpo e por isso o sangue contem o conhecimento do código genético (ADN). O código genético e a linhagem familiar estão contidos na corrente sanguínea. Cada célula do corpo é um microcosmo do todo.
Quando pintamos o nosso terceiro olho com o nosso sangue, abrimo-nos ao conhecimento oculto de este código genético. Esta informação inclui um profundo conhecimento ancestral e pode trazer uma compreensão dos nossos próprios padrões familiares e os do gênero humano.
Todos trazemos dentro o conhecimento de todas as gerações de seres humanos que existiram. Oculta neste código genético há uma massa de informação reunida através da história. Ocasionalmente, a informação fica adormecida e as vezes deseja aflorar de novo. Estamos vivendo uma época em que o conhecimento da terra e da mulher, esta regressando a consciência coletiva e através do nosso sangue podemos entrar nela.
A próxima vez que sangrar, tente se relacionar conscientemente com o seu sangue. Tente pintar um pequeno ponto vermelho entre os teus olhos e observa como o conhecimento da terra e dos teus ancestrais flui até a tua consciência. 

*Seu Sangue é Ouro - Lara Owen

domingo, 17 de agosto de 2014

A Menstruação como um Sabá

A antiga palavra babilônica correspondente a sabá, sabbatu, vem de Sabat e significa “repouso do coração”. Na Babilônia, era um dia de descanso, quando constava que a Deusa Ishtar estava menstruando. Nesse dia, todos eram proibidos de viajar, de trabalhar e de comer alimentos cozidos – do mesmo modo que, em muitas culturas, ocorria para mulheres menstruadas. As tabuas cuneiformes da quarta dinastia de Ur, datadas do terceiro milênio a.C., relatam-nos que, na Suméria, os períodos da lua nova e da lua cheia eram devotados ao cumprimento de rituais.
Do mesmo modo, o sabá dos judeus originalmente tinha lugar na lua nova e na lua cheia; foi mais tarde estendido a cada quarto da lua. Estes dias muito remotos de repouso, vinculados à lua e à menstruação, foram a origem do moderno sabá judeu e do domingo cristão.
Atualmente, poucas pessoas dedicam-se, pelo menos um dia por mês, a realmente descansar. Em geral, a cultura euro-ocidental é obcecada pelo modo de vida Ativo. Só valorizamos a nós mesmos se estivermos fazendo alguma coisa, considerando as pessoas que não fazem muita coisa membros menos validos da sociedade. Somos orientados para a produtividade e para o acumulo de riquezas e posses, e não para o acumulo de sabedoria, força espiritual e autoconhecimento.
Esse fazer contínuo não conduz à felicidade ou ao bem-estar. Todos conhecemos o alivio de estar de férias e não ter de Fazer Nada. Obviamente, se todos nós puséssemos de lado nossos instrumentos de trabalho e decidíssemos apenas Ser, isto iria desequilibrar a outra direção, mas talvez pudéssemos ter um pouco mais de tranquilidade e menos pressão em nossas vidas. Com isso, não estou pensando em nos sentarmos diante da televisão e assistirmos as pessoas matando umas às outras e enganando seus cônjuges. Estou pensando, em vez disso, em nos sentarmos diante de uma arvore ou de um lago ou do mar, e apenas Ser.
Sem duvida, era bastante valida a antiga ideia do Sabá: um período de descanso, sem trabalho, dedicado à oração e à contemplação. À medida que a Era industrial inventava o vapor, energizado pela ética do trabalho protestante, o sabá ia caindo no desagrado e os velhos tabus proibindo o trabalho em um dos dias da semana foram desaparecendo. Isso só pode significar um acréscimo ao estresse a à pressão da vida moderna. Nossos corpos e nossas mentes necessitam de relaxamento, de um período de descanso, e nossos espíritos precisam ser nutridos – têm necessidade de algum tempo dedicado somente à vida espiritual. A falta do sabá pode ser responsável por tantas pessoas ficarem resfriadas e gripadas, pois esta acaba sendo a única maneira delas poderem ter um sabá, uma pausa do Fazer contínuo.
Em muitas partes da America, a única maneira de você dizer que um dia é domingo é pelo fato das praias estarem mais cheias, o jornal de domingo estar nas bancas e haver menos trafego no centro da cidade. Fora isso, é tudo igual. Todas as lojas estão abertas e a maior parte dos serviços está disponível. Sem falar da televisão, que jamais dorme. Se você está sempre com pressa, fazendo isto ou aquilo, correndo atrás de si mesma, quando realmente tem tempo para aquilatar seus sentimentos? Quando tem tempo para refletir sobre o motivo de ter reagido tão violentamente ao comentário de um colega sobre ele detestar animais dentro de casa, sobre a razão do seu marido estar lhe incomodando tanto no momento, sobre odiar vestir vermelho, sobre o simples fato de sua mãe vir almoçar em sua casa lhe encher de pavor? Você pode ter uma ligeira ideia do que essas coisas significam, pode até pô-las de lado e continuar correndo, mas não vai compreende-las e sanar suas dificuldades que existem em sua vida, se não tiver algum tempo de sossego.
Para a mulher, o tempo da lua é a ocasião óbvia do seu ciclo para uma interrupção no Fazer e para ela apenas ficar quieta e Ser, relaxar e sangrar. É um período natural para uma abertura aos domínios espirituais e para efetuar o trabalho de conhecer e compreender o ser que só pode emergir no tempo vazio, tranquilo e sossegado.
Na tradição judaica, o primeiro dia de cada mês (que teria sido o dia da lua nova, antes de adotarmos o calendário solar, e, tradicionalmente, o período da menstruação) é um dia santo para as mulheres, chamado de Rosh Chodesh (inicio do mês). Este feriado está sendo reivindicado por algumas mulheres judaicas. Era uma aceitação ritualizada do desejo das mulheres descansarem quando estão menstruando.
Um período calmo é muito útil, para os problemas de relacionamento, e sentar-se quieta por algumas horas pode realizar maravilhas para se enxergar as coisas de um modo mais claro. Muitas disputas e brigas originam-se de uma descarga de adrenalina, pois muitas pessoas estão continuamente aflitas, lutando contra o trafego para ir ao trabalho, cuidando ao mesmo tempo da família e do emprego – e, alem disso, a televisão está a noite toda gritando na sua frente e você Não Tem Paz.
No mundo euro-ocidental, ficamos tão acostumados a levar esta existência pressionada que muitas esqueceram-se de como se descansa. Parece algo aborrecido, pois crescemos acostumados a um estimulo externo contínuo. Mas há uma vida interior e também uma vida exterior, e essa vida interior – a vida do psiquismo – é muito preciosa e é o manancial da nossa criatividade, de nossa dádiva para o mundo. Finalmente, podemos não produzir nada de grande valor se não alimentarmos essa vida interior. Ela necessita de um período de sossego para crescer e se desenvolver.
Podemos reaprender como estar novamente no ritmo da tranquilidade. Um dia já o soubemos, quando éramos bebês e crianças pequenas e passávamos de surtos de rápida atividade a momentos de tranquilidade e sono, depois retornando à atividade. Precisamos dar um tempo a nós mesmos: tempo para absorver a mudança, tempo para tomarmos conhecimento do que se passa a nossa volta – não levar a vida como uma viagem de turismo com paradas rápidas, em que temos de agarrar o máximo que pudermos antes de sermos lançados fora do trem. Temos de dar a nos mesmo tempo suficiente para estarmos novamente em contato com a tranquilidade, tentando apenas ficar sentados, sossegados. Muitas pessoas têm a experiência de sair de férias e não saber o que fazer consigo mesmas durante os primeiros dias, com todo aquele tempo disponível e não estruturado. Depois de três ou quatro dias recordam-se de como é apenas Ser, e quando estão adorando e desfrutando do seu ócio, já esta na hora de voltar para casa. Se tivéssemos mais tempo ocioso em nossa rotina regular, talvez a vida fosse menos carregada de pressão e mais plena de prazer.
Se encararmos a menstruação como a época natural para o relaxamento e o sossego na vida de uma mulher, podemos começar a reaprender o ritmo de estar em paz conosco mesmas e então começar a colher os benefícios de um relacionamento mais intimo com nossos seres internos.
A menstruação pode ser uma época de profunda sedimentação e contato consigo mesma, quando uma mulher é naturalmente colocada em relação direta com seu centro de gravidade – o seu útero. Por isso, nessa ocasião há realmente uma maior capacidade para o relaxamento – para escutar, para receber a mensagem do cosmo. O conhecimento que nos é disponível durante a menstruação não pode chegar até a nossa consciência se estivermos com pressa de cumprir as exigências de nossas vidas cotidianas.
Ficar tranquilo e voltado para si mesmo são pré requisitos em todas as tradições espirituais para o desenvolvimento da sabedoria. A menstruação é um período natural para as mulheres meditarem e estabelecerem contato interno e externo com o divino. Quando o corpo está tranquilo, a mente também fica tranquila; nesse caso, a sabedoria espiritual que existe em um nível mais profundo da consciência fica liberada para alcançar a superfície do conhecimento.
*Fonte: Seu Sangue é Ouro (pág 105 - 110), de Lara Owen.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Recolhimento Sagrado Feminino

Observando os ciclos de nosso corpo, entramos em sintonia com o corpo maior e organismo vivo e pulsante que é a Mãe Terra. Nós, mulheres, carregamos em nosso corpo todas as Luas, todos os ciclos, o poder do renascimento e da morte. Aprendemos com nossas ancestrais que temos nosso tempo de contemplação interior quando, como a Lua Nova, nos recolhemos em busca de nossos sonhos e sentimentos mais profundos. As emoções, o corpo, a natureza são alterados conforme a Lua. Nas tradições antigas, o Tempo da Lua era o momento em que a mulher não estava apta a conceber, era um período de descanso, onde se recolhiam de seus afazeres cotidianos para poderem se renovar. "É o tempo sagrado da mulher", o período menstrual, conforme nos conta Jamie Sams, "durante o qual ela é honrada como sendo a Mãe da Energia Criativa". O ciclo feminino é como a teia da vida e seu sangue está para seu corpo assim como a água está para a Terra. A mulher, através dos tempos, é o símbolo da abundância, fertilidade e nutrição. Ela é a tecelã, é a sonhadora. Nas tradições nativas norte-americanas há as "Tendas Negras", ou "Tendas da Lua", momento em que as mulheres da tribo recolhem-se em seu período menstrual. É o momento do recolhimento sagrado de contemplação onde honram os dons recebidos, compartem visões, sonhos, sentimentos, conectam-se com suas ancestrais e sábias da tribo. São elas que sonham por toda a tribo, devido ao poder visionário despertado nesse período. O negro é a cor relacionada à mulher na Roda da Cura. Também são recebidas nas tendas as meninas em seu primeiro ciclo menstrual para que conheçam o significado de ser mulher. Esse recolhimento não é observado somente entre as nativas norte-americanas, mas também entre várias outras culturas. Diversos ritos de passagem marcam a vida de meninas nativas no seu primeiro ciclo menstrual. Entre os Juruna, quando a Lua Nova aponta no céu, é momento de as meninas se recolherem para suas casas. As meninas kanamari, do Amazonas, também ficam reclusas enquanto dura seu primeiro sangramento, sendo alimentadas somente pela mãe. Assim ocorrem com as meninas tukúna que nesse período de reclusão aprendem os afazeres e a essência do que é ser uma mulher adulta. Observa-se, em alguns casos, como parte do rito, cortar o cabelo e pintar o corpo de negro. São ritos de honra à mulher, e não o afastamento das mesmas pela impureza, como foi mal-interpretado por muitas outras culturas, principalmente a nossa ocidental extremamente influenciada pelos valores cristãos.Nossos corpos mudam nesse período, fluem nossas emoções e estamos mais abertas a compartilhar com outras mulheres, como uma conexão fraternal. Ao observarmos nossos ciclos em relação à Lua, veremos que a maioria das mulheres que não adotam métodos artificiais de contracepção e que fluem integradas ao ciclo lunar, têm seu Tempo de Lua durante a Lua Nova. É importante observarmos como fluímos com a energia da Lua e seus ciclos, e em que período do ciclo lunar menstruamos. A menstruação é um chamado do nosso corpo ao recolhimento, assim como a Lua Nova é um período de introspecção, propício ao retiro e à reflexão. A Lua Cheia proporciona expansão e, se nossos corpos estão em sintonia com as energias naturais, é o período em que estaremos férteis. Quantas mulheres atualmente deixaram de observar os ciclos do próprio corpo? Quantas deixaram de conectar-se com as forças da natureza, deixaram de lado a riqueza desse período de introspecção, recolhimento e contemplação de si mesmas? No nosso Tempo de Lua sonhamos mais, estamos mais abertas à sabedoria que carregamos de nossas ancestrais. Aproveite esse período para conhecer e explorar seu interior, agradecendo os dons e habilidades que possui. Compartilhe com outras mulheres esses momentos sagrados de respeito e fraternidade. Ouse sonhar e exercer seu lado visionária. Note que ao estar em conexão com todas as mulheres e com a própria Mãe Terra, muitos sintomas tidos como incômodos vão desaparecendo. Muitos destes sintomas são a rejeição desse período. Com a competição resultante dos valores da sociedade moderna, muitas de nós esqueceram de ouvir a si mesmas, de sentir a necessidade de seus próprios corpos e corações. 
Para finalizar, segue um trecho sobre a Tenda da Lua, de Jamie Sams, falando-nos sobre a importância desse ciclo de religação com a Terra e a Lua: "O verdadeiro sentido dessa conexão ficou perdido em nosso mundo moderno. Na minha opinião, muitos dos problemas que as mulheres enfrentam, relacionados aos órgãos sexuais, poderiam ser aliviados se elas voltassem a respeitar a necessidade de retiro e de religação com a sua verdadeira Mãe e Avó, que vêm a ser respectivamente a Terra e a Lua. As mulheres honram o seu Caminho Sagrado quando se dão conta do conhecimento intuitivo inerente a sua natureza receptiva. Ao confiar nos ciclos dos seus corpos e permitir que as sensações venham à tona dentro deles, as mulheres vêm sendo videntes e oráculos de suas tribos há séculos. As mulheres precisam aprender a amar, compreender, e, desta forma, curar umas às outras. Cada uma delas pode penetrar no silêncio do próprio coração para que lhe seja revelada a beleza do recolhimento e da receptividade".


*Texto de Tatiana Menkaiká - Publicado na Revista Viva Melhor - Xamanismo

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mistérios do Sangue



No livro Sacre Pleasure – Sex, Myth and Polítics of the Body (HarperCollins, 1995), Riane Eisler nos relata que os pigmeus Bambuti, da floresta do Congo, referem-se à menstruação como "ser abençoada pela Lua". Não há, naquela cultura, nada de aparentemente negativo associado ao período da menstruação.
O primeiro sangue menstrual é comemorado com uma festa chamada "elima", que envolve toda a aldeia. Após sua primeira menstruação, ser novamente abençoada pela lua no futuro é simplesmente visto como parte natural da vida da mulher, e não há nenhuma celebração posterior associada a isso. Não existem tabus ligados ao período menstrual e isso, talvez, represente bem a antiga mentalidade não-judaico-cristã.
O fluxo de sangue e seu cessar estão ambos intimamente ligados aos Mistérios Femininos. Menstruação, gravidez, parto e menopausa são aspectos do ciclo vital de todas as mulheres. O sangue, ou sua ausência, assinala naturalmente os estágios de transformação de uma mulher, desde a ruptura do hímen ao sangue do parto, ao fim dos sangramentos na menopausa. Em tempos remotos, o modo como uma mulher usava sua guirlanda era um sinal externo de qual estágio de sua vida ela já havia alcançado.
Em Blood Relations – Menstruation and the Origins of Culture, Knight nos conta que os primitivos humanos que habitavam as florestas, dormiam na copa das árvores sob o céu noturno. Os ciclos de luz da lua apropriadamente influenciavam os ciclos menstruais. A pesquisa de Knight indica que, na maioria das mulheres, o ciclo menstrual começa durante a lua nova e ela ovula por volta da lua cheia. Luisa Francia, em seu libro Dragon Time – Magic and Mystery of Menstruation (Ash Tree, 1991), também afirma que as mulheres que vivem e dormem ao ar livre (longe das luzes artificiais) estão sintonizadas a esse ciclo.
Knight apresenta algumas interessantes descobertas da biologia feminina. Um estudo sobre a duração de 270.000 ciclos de mulheres, representando todas as idades da vida reprodutiva, revelou o seguinte: a mais alta percentagem simples das mulheres do estudo, menstruaram durante a lua nova. A segunda percentagem mais alta, menstruou durante a lua crescente e apenas 11,5% menstruou durante a lua cheia. Essa pesquisa também indica que a maioria das mulheres mostraram um ciclo menstrual de 29,5 dias. Esse ciclo apresentou-se também como o mais fértil. O estudo ainda trouxe à descoberta de que mulheres heterossexuais que praticavam sexo com regularidade semanal, possuíam ciclo mais intimamente ligado ao ciclo da lua do que mulheres cuja vida sexual era de natureza esporádica ou celibatária. O estudo também indicou que os feromônios masculinos podem estar envolvidos no alinhamento do ciclo menstrual ao chamado ciclo "normal" que se inicia com a lua nova.
Nos Mistérios Femininos, vemos que o sangue menstrual era mais do que o indicador do ciclo de fertilidade de uma mulher. A vagina era vista como um portal mágico através do qual a vida surgia de uma misteriosa fonte interna. Na religião matrifocal, era um portal tanto para a regeneração física como para a transformação espiritual. As mulheres estão mais sintonizadas à sua natureza psíquica durante a menstruação. Uma vez que o fluxo de sangue menstrual tende a absorver energia, as mulheres estão mais aptas a curar os outros durante esse período. Assim, mulheres em menstruação podem absorver a energia dos outros e aterrá-la através de seu próprio sangramnto físico. Uma vez que o sangue é lançado à terra, a energia é neutralizada e a cura pode ter início na pessoa adoentada.
O sangue menstrual era, também, utilizado para fertilizar as sementes para o plantio, passando a essência da vida a elas. Campos eram, por vezes, borrifados com uma mistura de água e sangue menstrual para estimular o crescimento. As sementes e plantas absorviam um pouco da energia antes que o solo neutralizasse a carga. Xamãs femininos também transferiam cargas mágicas aos campos cultivados através do sangue menstrual, criados para influenciar a mente grupal da comunidade que se alimentaria da colheita. Durante a Idade Média, as bruxas eram constantemente acusadas de enfeitiçar as plantações...
Outra função do sangue menstrual, era a de ungir os mortos. Acreditava-se que isso asseguraria seu renascimento, graças às propriedades vitalizantes do sangue que jorrava do próprio portal da vida. Durante o Neolítico e o início da Idade do Bronze, na Antiga Europa, a região do Egeu testemunhou a criação de tumbas redondas com pequenas aberturas voltadas para o leste, na direção do sol nascente. Essas tumbas representavam o ventre da Deusa, e a abertura era a sua vagina. Vasos sagrados eram utilizados para coletar o sangue menstrual para ungir os mortos. Eram vasos da fertilidade, luz e transformação. Os mortos eram ungidos com sangue menstrual e posicionados no interior das tumbas. A luz do sol nascente simbolizava a renovação e a regeneração, enquanto penetrava na abertura da tumba (o falo solar penetrando a vagina telúrica). Posteriormente, essas tumbas terrenas evoluíram na forma de montes, remanescentes do Culto ao Mortos.
Em Sacred Pleasure, Riane Eisler relata como os ritos e cerimônias funerários pré-históricos incluíam atos sexuais. Tais atos visavam conectar a tumba à energia da procriação. Símbolos espirais eram constantemente gravados em tumbas neolíticas como sinais da regeneração. Também simbolizavam a transformação xamânica da consciência que empregava cogumelos alucinógenos. Os cogumelos têm fama de afrodisíacos e sua semelhança com a genitália masculina ficava certamente evidente aos primitivos europeus. A rapidez com que os cogumelos crescem e desaparecem também contribuiu para sua associação com o falo. Assim, podemos facilmente associar as danças extáticas com os ritos funerários da magia do sangue.
Nos Ensinamentos Misteriosos, a magia do sangue está ligada às fases da lua. A lua cheia inicia a ovulação e simboliza os poderes de transformação da energia lunar (e, por conseqüência, da energia feminina). Por seu aspecto fértil no ciclo de uma mulher, a lua cheia é o período da mãe. Durante essa fase, é melhor formular e visualizar o que quer que seja desejável na vida de um indivíduo. As imagens mágicas lançam raízes durante essa fase, e o sangue é carregado com quaisquer formas de pensamentos que direcionamos a ele. A lua minguante põe em movimento o que foi concebido durante a lua cheia, para que se manifeste. É um período para estabelecer as conexões com o mundo físico, que irão auxiliar o fluxo de energia relacionada rumo aos desejos do indivíduo. A lua nova libera o sangue carregado do caldeirão mágico do ventre. A energia mágica é, então, usada e é tempo para reflexão e introspecção. A lua crescente é um período de potencialização, de leitura e estudos, preparando o solo fértil do ventre para a semente mágica que será plantada na lua cheia.

Fonte: Mistérios Wiccanos - Raven Grimassi
Imagem: Acervo Pessoal de Babi Guerreiro.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Cristais e as questões femininas

*Texto originalmente postado em 31 de agosto de 2009 no meu blog Guerreira Interior. Reeditado para esta postagem.*

Fiz um estudo e uma pesquisa sobre os cristais e as questões femininas que agora eu compartilho aqui com vocês, esses são alguns dos cristais que eu utilizo nas meditações e rituais da minha Lua Vermelha... espero que venha  a ajudá-las assim como tem me ajudado!

Crisocola: Excelente para tratar as tensões pré-menstruais e as cólicas.

Azeviche: Por tradição é usada para amenizar cólicas menstruais, pude constatar pessoalmente!

Malaquita: Util para as cólicas, facilita o parto, alguns a chamam de pedra parteira. Ela está em sintonia com orgãos sexuais femininos e por isso ela combate qualquer sintoma e tipo de problema sexual.

Pedra da Lua: É excelente para a sindrome pré-menstrual, para a concepção, para o parto e para a amamentação.

Opala: Facilita o nascimento e alivia a TPM (use as opalas de tons mais escuros) A Opala-cereja ajuda também a amenizar os sintomas da menopausa.

Citrino: Seu elixir atua com sucesso contra os calores da menopausa.

Jaspe Vermelho: Usada para promover a beleza das mulheres.

Hematita: Excelente anti - hemorrágico.

Heliotrópio: As mulheres penduravam um heliotrópio em seu braço para evitar o aborto, e mais tarde, na coxa para facilitar o parto, anti - hemorrágico também.

Sardo: Ajuda as mulheres em trabalho de parto.

Âmbar: As mulheres se adornavam com imagens de peixes, sapos, coelhos esculpidos em âmbar para assegurar a concepção.

Coral: As mulheres italianas costumavam usá-lo perto da virilha para regular o fluxo menstrual, aceitando a relação entre o mar, a Lua e os ciclos. O coral, geralmente vermelho, empalidecia durante o fluxo e se tornava mais brilhante depois. Também usado para prevenir a esterilidade.

Geodo: Para prevenir o aborto.

Pedras para tratar assuntos ligados ao:

Ovário: Cornalina, Crisocola, Crisoprásio, Opala Negra, Quartzo Rosa.

Útero e Sistema Reprodutor: Cornalina, Crisocola e Crocoíta.

Bibliografia consultada:
  • A Biblia dos Cristais - Judy Hall -Ed. Pensamento
  • Enciclopédia de Cristais, Pedras Preciosas e Metais - Scott Cunningham - Ed. Gaia.
Que vocês desfrutem desse conhecimento, propaguem, espalhem... que Gaia, nossa Mãe Terra nos abençoe grandemente a cada trabalho com esses seres maravilhosos que são os Cristais.


Altar Menstrual

* Texto postado originalmente no meu blog Guerreira Interior, em 24 de abril de 2009, reeditado para esta postagem*

Finalmente farei a postagem que tanto prometi sobre o altar menstrual, um lugar sagrado, erigido pela mulher a cada menstruação, no 1º dia de seu ciclo, eu gosto de montar o meu na primeira manhã da menstruação porque já faço a coleta do meu sangue da noite, para entregar a Terra.
Sobre o altar devem ser colocados simbolos ligados ao ventre e aos mistérios do sangue.

Serpentes: Representam o poder do fogo do sangue, adormecido no ventre da mulher.
Conchas: Representam o oceano primordial, poder fertilizador e germinador da àgua.
Caldeirão: E o Cálice, simbolizam o ventre da Deusa e seu poder de vida, morte e renascimento.
Yoni: Representa a essência da energia feminina e o ventre da Deusa.
Ovo: Símbolo do nascimento e da vida. Também pode representar os óvulos e a ovulação.
Vésica Piscis: Um dos simbolos mais antigos da Deusa, como Mãe Criadora de tudo.
Pedra Furada: Ligada ao ventre da Deusa por conta de seu formato e fenda.
Buzios: Ligado aos mistèrios do feminino por sua semelhança com a vagina.
Guirlanda de flores: Sua forma circular representa o circulo do renascimento.
Imagem da Deusa: Em sua versão mais antiga, como a Vênus de Willendorf
Flores e velas: Flores vermelhas, e velas prateadas ou vermelhas.

Além desses simbolos, todos sugestões, que cada mulher tem que analisar e sentir o que em seu altar ela deve colocar...ela também pode deixar seu Jarro Menstrual, incensário, com os aromas correspondentes as deusas de sua devoção, cristais támbem ligados a Deusa ou ao poder do sangue.
Cada altar é único, e fala muito sobre sua espiritualidade e sua ligação com a Divindade. Eu por exemplo sinto o desejo de colocar meu oráculo sobre ele, para que ele receba do meu poder criativo (meu sangue), coloco meu óleo da Lua Vermelha com o qual unjo meu ventre. Meu 1º athame, que consagrei a Athena, que foi meu 1º objeto na magia, um presente cheio de simbolismo para mim, e meu talismã de proteção menstrual, que carrego na bolsa quando estou menstruada.
Além desses itens, tem meu colar menstrual, feito com sementes de açaí tingido de vermelho, que não tiro do pescoço quando menstruo... e meu Diário da Lua Vermelha, onde anoto sonhos, sensações, período fértil, luas e muito mais.
Esses objetos nos ajudam a resgatar nossa conexão com nosso sangue, nos lembrando que menstruar é algo bonito e poderoso, só as fêmeas fazem isso. E diga-se também que, isso é um sinal de saúde, estamos fertéis, temos que nos orgulhar desse momento.
Eu decidi compartilhar 1 foto do meu altar com vocês para que tenham idéias à respeito de como construirem os seus, mas lembrem-se, o Altar deve ser a sua cara.

Fonte de consulta: Ritos de Passagem - Claudiney Prieto.